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sábado, 6 de dezembro de 2014

Podcast - Alegria e bem-estar, fazem-nos ficar!



Às vezes, por opção ou por necessidade, a vida leva-nos para longe das nossas raízes. A emigração jovem é uma realidade cada vez mais atual e preocupante. Conversamos com jovens que vieram para Portugal em busca de um futuro melhor. Eles falaram-nos do seu processo de adaptação e de algumas situações caricatas que viveram no nosso país.




Por: Catarina Coutinho, Flávia Silva, Larissa Costa, Liliana Ferreira, Sandra Neves, Priscila Duarte.


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Vox Pop - As Repúblicas de Coimbra


Elas são 25 em Coimbra, são emblemáticas para a cidade, fazem parte do Património Mundial da UNESCO. No entanto, num futuro muito próximo, podem vir a desaparecer. Sabem do que estamos a falar? E eles, será que sabem? Vamos conferir!
As Repúblicas são quase tão antigas quanto a própria Universidade. Foram fundadas por D. Dinis, que defendia que estudantes e docentes da UC teriam de se concentrar totalmente na academia, e não em problemas como habitação e alimentação. Mas só durante as Guerras Liberais é que as Repúblicas ganham a forma que têm hoje, de auto-gestão e absoluta independência da Universidade e outros poderes institucionais. Apesar do grande peso na tradição académica da cidade, há uma imagem sobre as Repúblicas que não corresponde necessariamente à realidade. É o que tentamos descobrir com este vox pop.




Tiago Rocha, psicólogo na ARCA (Associação Recreativa de Coimbra Artística), é um antigo membro da “República da Praça.” Tendo em conta esta sua experiência, Tiago Rocha respondeu a algumas das nossas perguntas de forma a percebermos o que, afinal, é uma república.

O que é uma república?
Tiago Rocha: De um modo geral, uma República pode ser caracterizada por ser uma casa de estudantes universitários que, de uma forma autónoma, gerem o espaço onde vivem segundo regras e tradições que foram passando de geração em geração. São também características das Repúblicas, a promoção de valores de igualdade e solidariedade e a defesa de valores universais onde a luta por causas sociais, estudantis e não só, é uma constante. 

Como é que funciona uma república?
T. R.: A diversidade e heterogeneidade das Repúblicas é tanta, que não é possível responder de forma objetiva a essa pergunta. Cada República tem uma forma muito própria de funcionar. No entanto, há algumas características comuns a algumas Repúblicas, nomeadamente, todas as decisões serem tomadas por todos os residentes da casa; a existência de refeições – almoço e jantar – confecionadas pelos próprios ou por uma cozinheira; a existência de comensais – pessoas que não residem na República mas partilham das refeições e participam no funcionamento normal da casa – e a delegação de tarefas pelos residentes e comensais de forma a garantir o bom funcionamento da República.   

E a vossa, mais especificamente?
T. R.: A República da Praça é constituída por residentes e comensais que de um modo geral partilham a casa de forma igualitária, comungando das regalias e tarefas previamente instituídas. Esta República, como outras, possui refeições (almoço e jantar) que são confecionadas por uma cozinheira contratada para o efeito e é organizada em diversos grupos de trabalho que são responsáveis pela realização de diversas tarefas tais como: limpeza do lixo, reciclagem, elaboração de uma ementa, compra de alimentos necessários às refeições, marcações e desmarcações de refeições, etc. No que concerne a decisões respeitantes à República, estas são realizadas em “Reunião de casa” previamente convocada para o efeito e são tomadas por maioria dos membros residentes.

Como é que uma pessoa pode fazer para ser membro de uma República?
T. R.: Como já referi anteriormente, dependerá sempre das regras internas de cada casa. No que diz respeito à Republica da Praça, são essenciais 3 características para se ser membro: gosto pela “causa Republica”, interesse e empenho nas tarefas essenciais ao bom funcionamento da República e a partilha dos valores por quais se rege a República da Praça. A passagem a membro de casa, comensal ou residente é sempre feita através de um processo informal no qual os residentes verificando os pressupostos atrás mencionados, convidam a pessoa para comensal numa primeira fase e residente numa última. A diferença essencial entre um residente e um comensal é que o último não tem um quarto na República. 

E para, somente, conhecer uma república?
T. R.: Basta aparecer na República que se quer conhecer.

Como referimos anteriormente, o futuro das repúblicas está em risco. A lei do arrendamento pode significar que muitas deixem de existir. Podes explicar-nos porquê?
T. R.: A lei do arrendamento pode por em causa a existência das Repúblicas no sentido em que permitirá, numa primeira fase um aumento de renda brutal por parte dos senhorios, muitos desses aumentos dificilmente comportáveis por parte dos Repúblicos e, numa segunda fase (após 7 anos da entrada em vigor da nova lei), a simples rescisão dos contratos com as Repúblicas, o que levará em muitos casos à sua “extinção”.

A “República da Praça” recusou o contrato de atualização de rendas proposto pelo senhorio e foi alvo de uma ação de despejo pelo mesmo. Significa que esta república, a tua antiga casa, tenha de fechar? Que podem fazer para a salvar? Que estão vocês a fazer nesse sentido?
T. R.: Sim e não. Em primeiro lugar, estou confiante que, nesta questão em particular, a justiça será mais forte que a tirania e dará razão à República da Praça na alegação de ser inconstitucional o pedido de despejo pelo senhorio. Em todo o caso, no limite, mesmo que isso viesse a acontecer – um despejo – a República da Praça não deixaria de existir: mais do que as paredes são as muitas pessoas (atuais e antigos) que dão corpo a um projeto antigo e de valores muito sólido e que constituem a República. Em último caso, se fossemos obrigados a sair daquela casa, teríamos de encontrar uma solução que provavelmente passaria por sediar a República noutro lugar. A República da Praça tem sido muito ativa no sentido de salvaguardar as Republicas em geral e a sua em particular; nesse sentido tem desenvolvido vários contactos com a Reitoria da Universidade, Câmara Municipal, pessoas de uma forma ou de outra ligadas às Repúblicas, no sentido de se encontrar uma solução que salvaguarde este património, quer através de alteração à nova lei do arrendamento quer através da introdução de um mecanismo de exceção a esta lei que proteja as Repúblicas. De salientar aqui, o trabalho incansável quer dos atuais Repúblicos da Praça, na defesa da nossa casa, quer do advogado Dr. Aníbal Moreira que nos tem representado judicialmente ao longo de vários anos a titulo pró-bono.


Por Bruna Becegatto, Bruna Dias, Daniela Bulário, Vanessa Ferreira, Zita Moura.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Doar sorrisos

Bernardo Beja, 20 anos e oriundo da Figueira da Foz, é aluno de Gestão na Nova SBE, Lisboa.
Ainda que concentrado nos seus estudos, e no seu último ano de licenciatura, Bernardo continua a pensar nos outros e em como os fazer sorrir, é desta forma que doa o seu cabelo sempre que pode.

Bernardo Beja, na Figueira da Foz
Bernardo, como é que surgiu a ideia de doares o cabelo?
Nunca dei grande importância ao meu cabelo, muitas pessoas me dizem que fico melhor de uma maneira ou de outra mas isso para mim nunca teve grande significado. Foi desta maneira que acabei por pensar que não seria de todo má ideia deixar crescer o cabelo e doá-lo.

A quem é que doas o teu cabelo?
Às crianças que estão no IPO e que estão a passar por tratamentos de quimioterapia e que, infelizmente, acabam por perder o seu cabelo. Tenho a certeza que lhe dão muito mais valor do que eu.

Sentes-te uma pessoa mais “realizada” depois desta experiência?
Claro que sim! Não só me sinto mais realizado como também uma pessoa mais feliz. Sou apologista de que maior parte das vezes é a ajudar os outros que nos sentimos mais felizes, por vezes são os pequenos gestos que mais importam.

Quais foram os procedimentos que tiveste que ter?
Quando me lembrei que fazer isto podia ser uma experiência enriquecedora, fui logo pesquisar o que é que era preciso ser feito para poder doar o cabelo ao IPO. A informação que encontrei na internet era bastante clara por isso o procedimento foi muito fácil. Primeiro basta que este não esteja pintado ou danificado (pontas espigadas), depois é fazer uma trança ou um rabo de cavalo com pelo menos 25 cm e enviar por correio ou mesmo no IPO segundo um horário que eles têm estipulado.

Qual foi a reacção da tua família e amigos quando souberam?
Penso que tenham ficado orgulhosos, sempre me deram apoio para iniciativas deste tipo. Os meus amigos estavam mais preocupados em me dizer como ficava melhor de cabelo rapado (risos). Mas para ser sincero e justo também não foi a muita gente que contei o que tinha feito.

A longo prazo há algum tipo de ajuda que dês aqueles que mais necessitam?
Sim, sim. A estudar em Lisboa é sempre um pouco mais difícil e acabei por ter de me afastar um pouco do voluntariado, mas sempre que volto à Figueira dou apoio numa instituição que ajuda o sem-abrigo a CASA.

Sentes que iniciativas como esta vão estar sempre presentes na tua vida?

Sem dúvida nenhuma. São coisas que eu faço por gosto e que acabam por ser retribuídas deixando-me feliz com o sorriso dos outros.

Joana Coutinho

Licenciar-me, sim ou não?

Beatriz Inácio frequentou o curso de Línguas e Humanidades no Externato Cooperativo da Benedita, durantes três anos, e foi finalista no ano lectivo 2012/2013, adquirindo um diploma que contou com a média final de 16 valores. Apesar do seu percurso académico se considerar bastante satisfatório, esta jovem decidiu não seguir o mesmo caminho que os seus colegas e amigos. Deixou a questão Ensino Superior para trás e dedicou-se, desde cedo, ao mundo do trabalho.

Beatriz Inácio


Quais foram os factores que a levaram a tomar a decisão de não continuar a estudar?
Não foi uma tomada de decisão, por assim dizer. Fui "obrigada" a tomá-la devido a questões financeiras. Como muitos jovens portugueses, vi-me obrigada a optar pela via profissional a fim de poder prosseguir estudos mais tarde.

A escolha de não querer ingressar no ensino superior foi algo que sempre esteve nos seus ideais, ou foi uma decisão tomada de um momento para o outro?
Foi uma decisão ponderada com antecedência. Quando estava a terminar o 12º ano já sabia que seria impossível prosseguir os estudos a menos que conseguisse conciliar um full time com a vida académica. Conheço bem as minhas capacidades e sabia que não iria conseguir aguentar esse ritmo, por isso, desde cedo me mentalizei que iria ter que trabalhar por algum tempo (indefinido) até atingir a estabilidade necessária para prosseguir os estudos.

Escolheu então não prolongar os seus estudos, qual é a sua ocupação hoje em dia?
Hoje em dia trabalho em full time num Call Center em Lisboa de segunda a sexta-feira, e ao fim de semana num café na minha localidade natal.

Perdeu o interesse pelos livros e pelo cultivar do seu lado intelectual? Hoje em dia considera-se uma pessoa menos dada ao saber por ter tomado a opção de não querer estudar mais?
Nunca. A minha paixão é e sempre será o dom da palavra. Acredito que não preciso de ingressar na universidade para continuar a aprender, considero-me uma autodidacta e não me sinto inferior, nem nunca fui inferiorizada, por não ter prosseguido os estudos. A minha vontade de aprender nunca cessará e vou "lutar" para, um dia mais tarde, voltar a estudar.

Acha que a falta de um curso superior, no seu currículo, pode afectar a sua vida futura em termos profissionais?
Obviamente que um curso superior é sempre uma mais valia. Mas eu vejo sempre o copo meio cheio e, para mim, uma licenciatura só é mais valiosa em certas áreas. Como comecei a trabalhar desde cedo em serviço ao balcão/mesas em restaurantes, a experiência profissional tem sido a minha mais bem valia.

Considera que, nos dias de hoje, é mais importante uma Licenciatura ou a experiência do universo de trabalho?
Como referi acima, depende das áreas. No meu caso, tenho feito valer a minha experiência profissional e tenho-me adaptado bem ao mercado de trabalho.

De que modo acha que tem prevalência ou inferioridade para com um estudante licenciado, perante uma entrevista de emprego?
Um estudante universitário tem sempre preferência, mas existem outros fatores que pesam na hora de escolher um empregado/funcionário. Durante a minha experiência profissional apenas me senti discriminada uma vez - mas estava a candidatar-me a um cargo mais específico numa empresa de Marketing e Publicidade, área em que apenas tenho conhecimentos e não diploma.

Tendo em conta os números de emigrantes jovens-licenciados, que partem rumo a um futuro mais promissor, considera que a sua escolha foi a mais acertada?
Ir para o estrangeiro, quer para estudar como para trabalhar, não está fora das minhas perspetivas, apenas ainda não tive oportunidade de tomar uma decisão final.

Quando tomou a sua decisão qual foi a reacção dos seus familiares, na altura, encarregados de educação?
Tanto a minha família como os meus amigos sabiam da minha situação. Obviamente que me apoiaram e me ajudaram a explorar trajetos alternativos à faculdade.

Mesmo não tendo passado pela experiência, como caracteriza a vida de um estudante universitário?
É a minha vida de sonho. Tudo o que quero é poder passar o resto da minha vida a estudar pois não há nada melhor que adquirir conhecimento. Desde as praxes até à queima das fitas, passando pelos convívios, batismo, aulas, ideologias, etc, é tudo uma experiência incrível. Vendo os meus amigos sinto um orgulho imenso por poder estar ao seu lado num dos momentos mais bonitos e marcantes da sua vida e anseio todos os dias pelo dia em que vou conseguir estar no seu lugar.

Para si, hoje em dia, a escolha de não ter ingressado em nenhum curso do ensino superior é algo que se arrepende?
Não me arrependo pois foi a escolha mais sensata.

Neste momento, preferia tirar um curso superior numa Universidade ou Politécnico, ou acha mais sensato recorrer aos programas de cursos profissionais?

Neste momento, a curto prazo, mais facilmente irei ingressar num curso profissional pois seria menos demorado, mas a curto prazo, e é o meu objetivo, irei, seguramente, ingressar numa Universidade ou Politécnico.

Pauline Rebelo

Uma estudante-manequim

Ana Baptista
Num mundo em que a moda não passa despercebida e onde a curiosidade pelas novas tendências reina, Portugal está cada vez mais relacionado com este projeto que fascina inúmeras pessoas.
Ana Baptista, uma jovem manequim de 18 anos, atual estudante de arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa mas proveniente de Coimbra, partilha connosco um pouco acerca da sua experiência profissional nesta área.

Quando começou a pensar em agenciar-se?

Nunca pensei em me agenciar. No 9º ano fui a uma visita de estudo à Futurália, onde se encontravam também em exposição, algumas agências de modelos que quiseram ficar com o meu contacto. A certa altura uma senhora veio ter comigo a divulgar a sua agência e perguntou-me se eu não queria tirar umas fotos. Não sabia o que fazer mas o meu professor de ciências que nos acompanhava, insistiu para eu aceitar e acabei por o fazer. Tiraram-me algumas fotos e as medidas e disseram que me iriam contactar. Umas semanas depois, quando até já nem me recordava do episódio, recebi uma chamada da Diretora da agência. Acabei por ir a Lisboa com os meus pais e depois de uma reunião fiquei agenciada pela ML.

Quem a motivou a fazê-lo? Porquê?

A minha família, os meus amigos e professores sempre insistiram comigo para experimentar pois diziam que tinha o perfil perfeito para ser modelo.

Por que agências já passou e em qual se encontra agenciada no momento?

Já passei pela ML agency (entre 2011 e 2013) e neste momento estou na Elite Lisbon (desde Setembro de 2013)

Já deve ter ido a muitos castings, sofreu alguma desilusão?

Sim, já fiquei desiludida algumas vezes, mas é normal, estou num mundo onde há muita concorrência e onde as coisas nem sempre são justas. Só fico um pouco triste na altura mas rapidamente passa, não vale a pena estar a sofrer.

Que experiência a marcou até então como manequim?

A minha ida à China para representar Portugal na final internacional do concurso Elite Model Look  2013, foi sem dúvida a maior experiência que tive. Foi uma experiência de 15 dias com muitas sessões fotográficas, muita aprendizagem com mentoras experientes e de onde trago algumas amizades.

Agora que estuda arquitetura, consegue conciliar com o mundo da moda?

Sim claro, há tempo para tudo, apesar de estar num curso bastante trabalhoso. Temos de ter as nossas prioridades bem definidas e organizar bem o tempo. Tudo se consegue.

Concorda que Coimbra não seja uma terra de oportunidades, para quem quer seguir esta profissão?

Concordo e penso que é uma afirmação extensível a outras profissões.

Considera justo o mundo da moda ou já se sentiu injustiçada?

Não é um mundo justo. Deparamo-nos com muitas situações onde "a cunha" prevalece. 

Para terminar, quem é a sua manequim de eleição?


Tenho várias, como por exemplo, Charlotte Di Calypso, Cara Delevingne e Liu Wen.

Natacha Roxo