Páginas

domingo, 16 de dezembro de 2012

Um porto de chegada


fonte: http://historiasesabores.blogspot.pt/
2007_06_01_archive.html

A Estação Ferroviária de Coimbra A, mais conhecida por Estação Nova, é o ponto de chegada de quem quer entrar no centro da cidade dos estudantes. Os seus 81 anos de existência, desde a sua inauguração oficial (31 de Março de 1931), contam histórias de quem chega esperançoso e parte emocionado. No entanto, é importante destacar, que não é só esta ferrovia que serve a cidade de Coimbra. A Estação Velha,  é outro porto seguro, por onde passam a maioria dos comboios. Uma vez em Coimbra B, poderá apanhar ligação para Coimbra A( o bilhete de comboio incluirá esta pequena viagem).

Antes da sua construção, a única forma de penetrar na Baixa da cidade era através dos famosos carros americanos Rail Road Conimbricense, que traziam passageiros oriundos de todo o país. Este sistema, criado em 1874, por iniciativa privada, visava numa primeira parte a exploração da calçada (actual Ferreira Borges) à Estação Velha. Contudo, a sua duração foi efémera.

Dotada de inúmeros serviços, a Estação Nova, enche-se de todos os dias de milhares de pessoas, que podem vir numa simples visita turística, ou diariamente para estudar ou trabalhar. Mas é nos fins-de-semana, que esta plataforma atinge o seu apogeu. Oriundos de todos os cantos do país, os estudantes emergem a um ritmo alucinante. O som que as rodinhas das malas fazem, ecoam por toda a Estação. Soa como um  sinal de aviso. Eles estão a chegar. É  aqui, que começa toda uma jornada, onde a agitação toma conta daqueles que abraçam a cidade como “sua”, durante os anos de estudo. Desde a simples compra do bilhete até à visualização da linha de partida, nos ecrãs digitais, marcam a correria exaltada, que se vive nesta ferroviária. Muitos dos indivíduos que pisam o chão envelhecido da Estação Coimbra-Cidade, não reparam no seu encanto. Um desses casos é o da estudante de Radiologia, Filipa Carvalho, que todas as sextas- feiras, marca presença assídua na Estação de Coimbra A, na viagem que faz para a sua terra natal, Vizela. “Nunca reparei muito na estrutura da estação. É tanta gente, tantas malas, que aquilo torna-se uma confusão”. É no seio desta confusão que a estrutura arquitectónica da ferrovia é esquecida, ficando num plano secundário para os passageiros.
 
O seu estilo clássico, revela a essência da sua beleza que combina perfeitamente com a sua funcionalidade. A sua fachada é dominada por um imponente relógio, que infelizmente não funciona. As janelas e portas em arcos entram em perfeita sintonia com as cantarias no interior, conferindo-lhe um estilo único e sublime. Inspirada num coliseu ou numa normal sala de espectáculos, o edifício parece tudo menos uma estação.

Por possuir esta especificidade, a Estação Nova foi palco de um concerto, realizado por João Conde. O artista apresentou o seu álbum de originais, “Duma vez”, uma mistura de blues com funky e rock em Abril. A sua utilização neste tipo de eventos  parece cada vez mais, adequada aquilo que há muito se equaciona fazer. Encerrar a ferrovia e convertê-la num espaço cultural, devolvendo a margem direita do Mondego à cidade.

O jornal Diário As Beiras, no dia 16 de Abril de 2012, realçou o espectáculo como “lugar inesperado”, mas “que parece adequar-se na perfeição a estes eventos”.

Situada num local central, permite um olhar profundo sobre pontos característicos da cidade, como a Portagem, a Ponte de Santa Clara e a Baixa. É  nesse sentido, que muitos turistas optam pela utilização do comboio, que os coloca num ponto histórico da cidade, e simultaneamente os recebe em alojamentos épicos. É ainda de salientar que, após a saída da Estação, a cidade oferece uma excelente rede de transportes públicos, que permite a mobilidade a qualquer lugar, confortavelmente.

Antiga. Simples, mas ao mesmo tempo imponente. Bonita, detalhada e ecléctica, assim é a Estação Ferroviária de Coimbra A. Não tem a evolução tecnológica das actuais ferrovias portuguesas, mas elas também não contam histórias, sonhos, paixões, alegrias e tristezas. É isso que a valoriza em relação a todas as outras, emoções gravadas nas paredes, momentos que só ela conhece, e que com ela permanecerá. Essencialmente frequentada por estudantes, que entram pela primeira vez em Coimbra, através dela, em busca do conhecimento e da vivência académica, que só Coimbra pode proporcionar.E no final, é através dela, que dão o último suspiro na hora do Adeus!

por: Márcia Alves

*Este artigo não está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico  

Sem comentários:

Enviar um comentário