fonte: http://historiasesabores.blogspot.pt/
2007_06_01_archive.html |
A Estação Ferroviária de Coimbra A, mais
conhecida por Estação Nova, é o ponto de chegada de quem quer entrar no centro
da cidade dos estudantes. Os seus 81 anos de existência, desde a sua inauguração
oficial (31 de Março de 1931), contam histórias de quem chega esperançoso e
parte emocionado. No entanto, é importante destacar, que não é só esta ferrovia
que serve a cidade de Coimbra. A Estação Velha,
é outro porto seguro, por onde passam a maioria dos comboios. Uma vez em
Coimbra B, poderá apanhar ligação para Coimbra A( o bilhete de comboio incluirá
esta pequena viagem).
Antes da sua construção, a única forma de
penetrar na Baixa da cidade era através dos famosos carros americanos Rail Road Conimbricense, que traziam passageiros oriundos de todo o país. Este sistema,
criado em 1874, por iniciativa privada, visava numa primeira parte a exploração
da calçada (actual Ferreira Borges) à Estação Velha. Contudo, a sua duração foi
efémera.
Dotada de inúmeros serviços, a Estação Nova,
enche-se de todos os dias de milhares de pessoas, que podem vir numa simples
visita turística, ou diariamente para estudar ou trabalhar. Mas é nos
fins-de-semana, que esta plataforma atinge o seu apogeu. Oriundos de todos os
cantos do país, os estudantes emergem a um ritmo alucinante. O som que as
rodinhas das malas fazem, ecoam por toda a Estação. Soa como um sinal de aviso. Eles estão a chegar. É aqui, que começa toda uma jornada, onde a
agitação toma conta daqueles que abraçam a cidade como “sua”, durante os anos
de estudo. Desde a simples compra do bilhete até à visualização da linha de
partida, nos ecrãs digitais, marcam a correria exaltada, que se vive nesta
ferroviária. Muitos dos indivíduos que pisam o chão envelhecido da Estação
Coimbra-Cidade, não reparam no seu encanto. Um desses casos é o da estudante de
Radiologia, Filipa Carvalho, que todas as sextas- feiras, marca presença
assídua na Estação de Coimbra A, na viagem que faz para a sua terra natal,
Vizela. “Nunca reparei muito na estrutura da estação. É tanta gente, tantas
malas, que aquilo torna-se uma confusão”. É no seio desta confusão que a
estrutura arquitectónica da ferrovia é esquecida, ficando num plano secundário
para os passageiros.
O seu estilo clássico, revela a essência da
sua beleza que combina perfeitamente com a sua funcionalidade. A sua fachada é
dominada por um imponente relógio, que infelizmente não funciona. As janelas e
portas em arcos entram em perfeita sintonia com as cantarias no interior,
conferindo-lhe um estilo único e sublime. Inspirada num coliseu ou numa normal
sala de espectáculos, o edifício parece tudo menos uma estação.
Por possuir esta especificidade, a Estação
Nova foi palco de um concerto, realizado por João Conde. O artista apresentou o
seu álbum de originais, “Duma vez”, uma mistura de blues com funky e rock em
Abril. A sua utilização neste tipo de eventos parece cada vez mais, adequada aquilo que há
muito se equaciona fazer. Encerrar a ferrovia e convertê-la num espaço
cultural, devolvendo a margem direita do Mondego à cidade.
O jornal Diário
As Beiras, no dia 16 de Abril de 2012, realçou o espectáculo como “lugar
inesperado”, mas “que parece adequar-se na perfeição a estes eventos”.
Situada num local central, permite um olhar
profundo sobre pontos característicos da cidade, como a Portagem, a Ponte de
Santa Clara e a Baixa. É nesse sentido,
que muitos turistas optam pela utilização do comboio, que os coloca num ponto
histórico da cidade, e simultaneamente os recebe em alojamentos épicos. É ainda
de salientar que, após a saída da Estação, a cidade oferece uma excelente rede
de transportes públicos, que permite a mobilidade a qualquer lugar, confortavelmente.
Antiga. Simples, mas ao mesmo tempo imponente.
Bonita, detalhada e ecléctica, assim é a Estação Ferroviária de Coimbra A. Não
tem a evolução tecnológica das actuais ferrovias portuguesas, mas elas também
não contam histórias, sonhos, paixões, alegrias e tristezas. É isso que a
valoriza em relação a todas as outras, emoções gravadas nas paredes, momentos
que só ela conhece, e que com ela permanecerá. Essencialmente frequentada por
estudantes, que entram pela primeira vez em Coimbra, através dela, em busca do
conhecimento e da vivência académica, que só Coimbra pode proporcionar.E no
final, é através dela, que dão o último suspiro na hora do Adeus!
por: Márcia Alves
*Este artigo não está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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